A zona sul da Capital, berço de craques como Ronaldinho e Raphinha, vê surgir um novo time de futebol. Mas não é qualquer clube — e nem em qualquer lugar. O nome, por si só, já chama atenção: Monsoon FC. Trata-se do nome da empresa, com sede em Dubai, que é dona da equipe. E a sede é o Estádio João da Silva Moreira, mais conhecido como Parque Lami, que pertence à família Assis Moreira e é a antiga casa do extinto Porto Alegre Futebol Clube.

Com menos de um ano de existência, já que o clube foi fundado em outubro de 2021, uma curiosidade sobre o Monsoon é que, até hoje, o time nunca perdeu em competições profissionais. Tudo bem que foram apenas seis jogos, todos pela Terceirona do Gauchão, mas os resultados são de cinco vitórias e um empate. Não à toa a equipe avançou às quartas de final da competição com a melhor campanha da fase de grupos e vai encarar o Elite na próxima etapa, com jogos às 15h deste domingo (21) e também no próximo, dia 28.

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O presidente do clube é o gaúcho Lucas Pires, natural de Santa Maria. Aos 37 anos, ele mora nos Estados Unidos e faz parte do conselho do grupo Monsoon Venture Partners. Responsável pelo braço esportivo da companhia, que gerencia a carreira de atletas, o empresário já ocupou a vice-presidência de grandes empresas, como a MMA Elite, de produtos ligados ao mundo das lutas, e a Deluxe Media, que trabalha com a pós-produção cinematográfica. 

Foi dele a ideia de criar um novo clube de futebol em Porto Alegre. Para colocar em prática, contou com o apoio de Sumant Sharma, indiano que é o CEO do grupo Monsoon. Multimilionário, o empresário do ramo de tecnologia participou da criação e da venda da Acme Packet para a Oracle, multinacional de tecnologia, por cerca de US$ 2 bilhões. O nome Monsoon, inclusive, é uma espécie de homenagem de Sharma a um velho amigo.

— Monsoon era o apelido de um amigo dele que morreu. Mas também significa tempestade. E a nossa ideia é essa, trazer tempo ruim para os adversários. Tem toda essa analogia, que nós vamos fazer chover. A gente pretende trazer esse impacto no futebol mesmo. Queremos chegar para fazer diferente, para causar — afirma Lucas Pires.

O primeiro impacto diz respeito à sede do novo clube. O Parque Lami estava praticamente abandonado desde 2012, quando o Porto Alegre FC fechou as portas. O estádio até chegou a receber o Cruzeiro, de Cachoeirinha, e jogos do futebol de várzea, mas quase não recebeu manutenção no período. Por isso, a primeira medida dos profissionais que foram contratados pelo Monsoon foi cuidar da reforma do espaço do estádio, área administrativa, alojamentos e toda a estrutura de centro de treinamentos, que inclui cinco campos, academia, sala de fisioterapia e vestiários.

— A gente fez um contrato de uso do espaço com o Roberto (Assis), que é meu amigo pessoal. Arrendamos a área por 10 anos e fundamos o clube. Eles nos cederam o direito de usar o estádio e todas as instalações. Em contrapartida, a gente faria todas essas reformas que eram necessárias. A gente pretende comprar outras áreas para expandir o nosso funil de captação, mas a nossa casa é aqui — explica o presidente do Monsoon.

Ao lado de Lucas Pires, dois profissionais que trabalharam com ele em outro projeto, no Marítimo, em Canoas, chegaram para tocar o novo clube: o ex-jogador Jurandir da Silva, com passagem pela dupla Gre-Nal, e o empresário Fernando Brandi, do ramo de tecnologia. Da Silva é o vice-presidente de futebol, responsável pela montagem do elenco e por cuidar do dia a dia da equipe, enquanto Nando é o homem da gestão e planejamento do time.

— A parte do futebol eu fico tranquilo para fazer, porque estou há muito tempo nesse ramo. Fui jogador, empresário, conheço muita gente nesse meio. O que eu não tenho é esse lado do business, da gestão de pessoas, que o Lucas (Pires) é expert — ressalta Da Silva, que foi relevado pela base do Inter e saiu para jogar no Grêmio, no início dos anos 2000.

Com apenas um trintão, time tem média de 21 anos